Por Weverton Silva, Psicólogo Online

Psicólogo para parar de beber: como ele ajuda?

Introdução

O consumo excessivo de álcool afeta milhões de pessoas e, muitas vezes, não se restringe apenas ao corpo — ele denuncia um sofrimento psíquico mais profundo. Parar de beber não é apenas uma decisão racional; é, antes de tudo, um processo interno que envolve conflitos, angústias e padrões repetitivos que a própria pessoa nem sempre compreende sozinha.

Buscar ajuda psicológica é um passo essencial quando o álcool deixa de ser um prazer eventual e passa a ocupar um lugar central na vida. Na abordagem psicodinâmica, o alcoolismo é visto como um sintoma que expressa dores inconscientes, vivências mal elaboradas e conflitos internos não resolvidos. A escuta analítica permite compreender o que está por trás do ato de beber, indo além da simples interrupção do uso.

Neste artigo, você vai entender por que parar de beber é tão difícil, qual é o papel do psicólogo nesse processo e como a psicoterapia psicanalítica pode transformar profundamente a relação com o álcool e com o próprio eu.

Alcoolismo é doença: o que isso significa?

O alcoolismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno mental e comportamental causado pelo uso de substâncias psicoativas. Muito além do vício químico, ele representa uma relação de dependência que compromete o funcionamento emocional, social e físico do indivíduo.

Dizer que o alcoolismo é uma doença significa que ele não se trata de falta de força de vontade ou de um desvio moral, como infelizmente ainda se pensa. É um adoecimento que precisa de compreensão e tratamento, e não de julgamento. Nesse contexto, o álcool funciona como um recurso psíquico utilizado — ainda que de forma inconsciente — para lidar com tensões internas, ansiedade, culpa, luto, vazio ou traumas não elaborados.

A visão psicodinâmica aprofunda essa compreensão ao investigar o que o álcool representa subjetivamente para cada pessoa. Para alguns, ele preenche ausências; para outros, alivia dores emocionais que não encontram palavras. O alcoolismo, portanto, é mais do que um comportamento compulsivo: é uma tentativa falha de lidar com sofrimentos que ainda não foram simbolizados.

Por que parar de beber é tão difícil?

Parar de beber não é apenas uma questão de decisão ou disciplina. Para quem sofre com o alcoolismo, o álcool ocupa um lugar central na estrutura psíquica: ele serve como defesa contra angústias profundas, sendo muitas vezes a única forma que o sujeito encontra para suportar a dor emocional.

A dificuldade em interromper o consumo está ligada a mecanismos inconscientes de repetição, onde o sujeito recorre ao álcool como resposta automática a sentimentos de solidão, fracasso, medo ou rejeição. Mesmo quando os prejuízos se tornam evidentes — nas relações, no trabalho, na saúde — o desejo de beber ressurge, sustentado por conflitos que ainda não foram elaborados.

Na psicoterapia psicodinâmica, compreende-se que esse padrão de repetição não é irracional, mas simbólico. Há algo no ato de beber que tenta “resolver” psiquicamente o que a consciência não consegue elaborar sozinha. Por isso, o enfrentamento não se dá por proibição ou controle, e sim por meio de um trabalho de escuta que permita a ressignificação dessa relação com o álcool.

Parar de beber é difícil porque implica abrir mão de um “apoio psíquico”, mesmo que disfuncional. E isso só se torna possível quando o sujeito encontra novos caminhos internos para lidar com o que o álcool tentava encobrir.

Psicólogo para parar de beber: qual é o papel dele?

O psicólogo, especialmente aquele que atua com base na psicoterapia psicodinâmica ou psicanalítica, não busca apenas interromper o consumo de álcool. Seu papel é muito mais profundo: escutar o sujeito em sua singularidade, compreendendo o que o leva a beber, o que o álcool representa e que lugar esse hábito ocupa em sua vida emocional.

Diferente de abordagens diretivas, a psicologia psicodinâmica não oferece fórmulas prontas ou conselhos rápidos. Ela propõe um processo de autoconhecimento e elaboração psíquica, no qual o sujeito possa entender por que bebe — e não apenas quando ou quanto. O foco está na causa, não apenas no sintoma.

Ao longo das sessões, o psicólogo ajuda a identificar padrões de repetição, conflitos inconscientes e afetos recalcados que sustentam o comportamento compulsivo. O alcoolismo, muitas vezes, está ligado a questões como sentimento de desamparo, baixa autoestima, traumas infantis ou dificuldades de simbolizar perdas. Esses elementos não desaparecem com força de vontade, mas com escuta, vínculo e elaboração.

Nesse sentido, o psicólogo não tira o álcool da vida da pessoa, mas permite que ela própria compreenda sua necessidade psíquica de beber — o que, com o tempo, desmobiliza o sintoma e transforma a relação com o próprio desejo.

Como funciona o tratamento psicodinâmico para o alcoolismo?

O tratamento psicodinâmico não se limita a combater o uso do álcool; ele busca compreender o que o sintoma revela sobre o funcionamento psíquico do sujeito. O alcoolismo, nesse contexto, é visto como uma formação do inconsciente — uma tentativa de lidar com conflitos internos que não encontraram outras vias de expressão.

A psicoterapia acontece por meio de encontros regulares, geralmente uma vez por semana, em que o paciente é convidado a falar livremente sobre pensamentos, lembranças, sonhos e emoções. Esse espaço de escuta possibilita o surgimento de conteúdos inconscientes que sustentam o comportamento compulsivo.

Ao longo do processo, o vínculo terapêutico — chamado de transferência — torna-se um instrumento fundamental. Por meio dele, o paciente revive, na relação com o terapeuta, experiências emocionais profundas que foram marcantes em sua história. Com isso, torna-se possível ressignificar vivências passadas e transformar o modo como o sujeito lida com suas angústias.

Além disso, o tratamento psicodinâmico não força o abandono imediato do álcool. Ele reconhece que, em muitos casos, o álcool ainda cumpre uma função psíquica. A mudança ocorre gradualmente, à medida que o paciente constrói novos recursos internos para lidar com a dor emocional.

Em resumo, o foco não está no sintoma em si, mas no sujeito que sofre, permitindo que o abandono do álcool seja uma consequência natural de um processo de transformação interna.

Benefícios da psicoterapia para quem quer parar de beber

A psicoterapia psicodinâmica oferece uma transformação que vai além da cessação do consumo de álcool. Seu principal benefício é permitir que o sujeito compreenda a si mesmo em profundidade, o que torna possível reconstruir a relação com o próprio desejo e enfrentar o sofrimento psíquico de forma mais saudável.

Ao entrar em contato com seus conteúdos inconscientes, o paciente começa a perceber os motivos emocionais que o levam a beber. Esse processo reduz a compulsão não pela repressão, mas pela simbolização do conflito interno. Com o tempo, o álcool deixa de ser uma saída automática e passa a perder sua função psíquica.

Outros benefícios importantes incluem:

  • Diminuição da ansiedade e da angústia, antes abafadas pelo consumo de álcool.
  • Melhoria na autoestima, ao perceber-se capaz de enfrentar suas dores com recursos próprios.
  • Fortalecimento da autonomia psíquica, com menos dependência de substâncias para lidar com a vida.
  • Melhoria nas relações interpessoais, já que o tratamento também ajuda a lidar com afetos como raiva, culpa e frustração.

Mais do que controlar um comportamento, a psicoterapia ajuda a criar uma nova forma de viver, onde o sujeito pode lidar com a realidade interna e externa de maneira mais consciente e integrada.

Quando procurar um psicólogo para parar de beber?

Muitas pessoas esperam que a situação se torne insustentável para buscar ajuda, mas o ideal é que o suporte psicológico comece assim que houver o incômodo real com a relação com o álcool. Não é necessário chegar ao fundo do poço para iniciar um tratamento — perceber que algo está fora do lugar já é motivo suficiente para procurar um psicólogo.

Alguns sinais de que é hora de buscar ajuda incluem:

  • Beber para suportar emoções como tristeza, raiva ou frustração.
  • Sentir perda de controle após o primeiro gole.
  • Ter recaídas mesmo após tentativas de parar.
  • Ocultar o consumo de bebidas de familiares ou amigos.
  • Negar os impactos negativos do álcool na vida pessoal e profissional.

Além desses sinais, muitas vezes o sofrimento é mais subjetivo: uma sensação de vazio, vergonha, isolamento ou angústia existencial que parece só aliviar com a bebida. Nessas situações, o álcool funciona como uma tentativa de anestesiar a dor — o que indica que há conflitos internos que precisam ser escutados e elaborados em psicoterapia.

Procurar um psicólogo é um ato de cuidado consigo mesmo. É um passo corajoso na direção de uma vida mais consciente, com menos dependência e mais liberdade.

Conclusão

Parar de beber não é apenas abandonar um hábito — é enfrentar, com coragem, dores internas que muitas vezes foram silenciadas por anos. O alcoolismo, sob a perspectiva psicodinâmica, não é um problema isolado, mas um sintoma que aponta para histórias mal elaboradas, afetos reprimidos e mecanismos de defesa construídos ao longo da vida.

A psicoterapia não atua contra o álcool, mas a favor do sujeito que sofre, permitindo que ele se escute, se reconheça e reconstrua sua relação com o próprio desejo. O tratamento não se limita à abstinência: ele promove autonomia, consciência emocional e um modo mais integrado de viver.

Se você sente que o álcool tem ocupado um espaço maior do que deveria em sua vida, talvez este seja o momento de iniciar um novo caminho. Um espaço de escuta qualificada, acolhimento e transformação pode fazer toda a diferença.

Considere agendar uma consulta com o Psicólogo Weverton Silva logo abaixo. O primeiro passo para mudar começa com o desejo de ser escutado.

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